Por tudo o que eu já estudei acerca do Karatê-do posso afirmar que duas coisas são muito importantes na caminhada de um praticante desta arte marcial. A primeira delas é o auto-controle que desde o início deve ser moldado e treinado no caráter de cada um, visto que é sabido que o ser humano tem em si o instinto animal que o impulsiona de alguma forma a comportar-se em determinadas situações de forma que agride quando se sente ameaçado ou ferido, se expondo dessa forma ao risco da morte. Sendo potencialmente superior, este mesmo ser humano tem a opção de escolher entre revidar e procurar uma situação mais agradável que o faça capaz de entender o ocorrido. Outro preceito muito importante é a questão do respeito a tudo e a todos a sua volta gerando, consequentemente, a cordialidade entre as pessoas. Essa cordialidade é a essência do Karatê-do com o propósito de aprimoramento pessoal, devendo não apenas este preceito, mas todos os outros que o acompanham, serem revelados em todos os aspectos do praticante desta arte marcial. Um karateka não é qualquer um na sociedade. Ele não é melhor e nem pior do que os que o rodeiam, mas tem, sim, a obrigação de ser e fazer diferente dos demais. Talvez com o texto abaixo essa ideia possa clarear na mente dos que estiverem lendo-o:
"Hoje descobri, como num sopro de inspiração, qual a diferença que o Sensei sempre fala nos treinos entre o atleta marcial e o artista marcial. Para o atleta marcial o treino é voltado unicamente com o intuito de um instante de glória, visando, em absoluto, as medalhas e os troféus oferecidos numa competição. Já para o artista marcial, o caminho é mais longo e até mais árduo e a busca mais profunda. Muitas vezes, em meio a esse caminho tão longo e árduo, a caminhada parece difícil, dolorida e cansativa, visto que o artista marcial passa uma vida inteira buscando conquistar a si mesmo, evoluindo sempre mais com os aprendizados. A diferença está justamente aí. Enquanto o atleta busca as glórias das competições no tatame, o artista marcial busca a si mesmo para, quem sabe, chegar a ter a mesma sensação de prazer, felicidade e completude que o atleta. Os caminhos entre eles são os mesmos, o diferencial entre eles é somente o modo como eles encaram essa jornada. É essa diferença que faz do praticante de uma arte marcial alguém nada parecido com os demais dentro do contexto em que está inserido socialmente."
Concordo plenamente com um amigo ao dizer a seguinte coisa:
- "Eu, como artista marcial que escolhi por vontade própria ser, acredito que só terei esse instante de glória nos últimos suspiros da minha existência. Quando minha vida estiver passando diante dos meus olhos e em algum momento entre a vida que se encerra e a morte que me chama eu conseguir perceber que TUDO VALEU À PENA!"