quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Tem que passar para aprender



Engraçado como são as coisas...

Desde que eu comecei a treinar fui ensinada a não discutir com o árbitro, pois este é mais graduado que eu, tem mais conhecimento, mais experiência e, portanto, sabe o que está fazendo. Eu sempre fui muito disciplinada. Nunca discuti, mesmo tendo minhas opiniões, afinal, ninguém detém a verdade absoluta dos fatos. O que é verdade para mim, pode não ser para os outros e vice-versa.

O tempo foi passando...

Muitas histórias eu vi passar, muitos acontecimentos eu vi transcorrer nesse meio e nem assim eu discuti... O tempo continuou passando... Eu percebi que não estava me adequando e mudei de Federação para justamente não ter que discutir (jamais quis me indispor com ninguém, pois prefiro deixar marcas positivas do que negativas)... Nessa nova Federação consigo me adaptar melhor, mesmo vendo alguns erros, que nem sei se posso considerar como erros, de fato.

E foi num treino de competição que tudo aconteceu...

Estávamos treinando para o Campeonato Brasileiro deste ano e fui para a luta com uma amiga minha, só para treinar meus golpes e ver como estava o meu desempenho. Cada uma fez seu ponto. No desempate da luta, ela foi mais rápida do que eu em tentar acertar o ponto, mas eu senti e vi que o ponto dela passou, mas a decisão não cabia a mim, cabia ao árbitro principal, que já tinha marcado o ponto para ela. Eu não me aborreci com a marcação do ponto em si, mas percebi que era injusto e falei uma única palavra, que anulou todos os meus pontos e me fez perder a luta por mau comportamento: "Passou!"
O Sensei, que era o árbitro principal da nossa luta, olhou bem sério para mim e fez o gesto de mau comportamento e me tirou da luta. Aquilo me deixou extremamente envergonhada por saber que eu cometi uma falta gravíssima com o Karatê e com os meus princípios como Karateka.
Eu fui conversar com o Sensei ao final do treino e me desculpar com ele pelo erro cometido. Disse a ele que não sabia o que estava acontecendo comigo. Realmente naquela hora eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas parei para refletir em cima do ato errado e fiz uma reflexão muito mais profunda, pois fui no passado e voltei ao presente... Aquela única palavra representava todas as injustiças que aconteceram comigo e com outros que eu amei muito dentro do Karatê. O Sensei tão bondoso me disse que essas coisas acontecem, mas que não precisam se repetir, pois somente se pode repetir o que é bom e o que é certo.
Foi uma simples palavra... Foi um simples treino... No entanto, foi muito mais do que eu pensei que seria... Continuo um tanto envergonhada, porque não treino um esporte, eu sigo uma filosofia de vida e daqui para frente eu vou prestar mais atenção nos caminhos que eu percorro dentro do Caminho.

OSS...!