terça-feira, 17 de julho de 2012

Tamanho e idade não são documentos

Olho para esta foto como algo tão distante... Como se em outro mundo, em outra vida ela tivesse acontecido e percebo que foi só em outro tempo... Num tempo em que nós duas tínhamos as mesmas opiniões e os mesmos objetivos quanto ao Karatê que praticamos... Lembro de cada segundo dos treinos ao lado dela, fossem eles na academia ou no bosque e posso afirmar que nada me ensinou mais do que a prática de ser a "sensei substituta" dela... Com essa menina segui à risca o que me havia sido ensinado e deu certo. Sinto uma satisfação tão grande em ver no quanto ela tem se transformado. Realmente está galgando degraus maiores e hoje não é mais ela quem precisa de mim, ao contrário, quem está precisando da ajuda dela sou eu.

Passei tanto tempo longe que muitas coisas eu fui esquecendo e com parcimônia ela tem me ajudado a lembrar e, de acordo com o que lhe foi ensinado na minha ausência, ela me ajuda a consertar as falhas que ficaram pelo meio do caminho... Ela cresceu, eu cresci e vejo com muita alegria que minhas manhãs de fins de semana no bosque, minhas tardes de treinos junto a ela na academia e nossas inúmeras conversas sobre a vida, o karatê e como devemos encarar os acontecimentos da vida, não foram em vão...

Se tiver uma coisa para eu nunca esquecer é do meu retorno aos treinos na academia. Logo na primeira semana, no segundo dia de treino, o Sensei colocou todo mundo para lutar em forma de rodízio, dois minutos para cada dupla e todos contra todos. A minha penúltima luta foi com ela e qual surpresa eu tive? Seu estilo havia mudado e mudou para melhor. Estava mais agressiva e confiante no que ia fazer... Dava para perceber que algo havia mudado, mas ainda existia o velho respeito comigo...

No início da luta, eu adotei uma postura bem passiva e tranquila, mais para observá-la e vejo que fiz o certo. A postura realmente está muito modificada, bem mais agressiva, confiante, decidida e humilde do que de costume. Veio para cima de mim com o olhar concentrado, mas não era exatamente o mesmo olhar de quando estamos fora do dojo, simplesmente um olhar desconhecido naquele momento para mim. Ficamos por alguns segundos nos estudando até que ela soltou o primeiro golpe, um mawashi geri muito técnico, muito rápido e forte, mas eu consegui sair mais rápido. Só então percebi que ela estava levando a luta mais a sério do que eu poderia esperar e mudei minha postura.

Acreditem ou não, ninguém ganhou, mas se eu tivesse visto a luta de fora e se estivesse valendo pontos, daria todos para ela. Não pelos golpes e nem pelas defesas, que apresentaram uma evolução impressionante na técnica, mas pela coragem e ousadia de fazer sem medo o que lhe foi proposto. Ao final ela disse para mim: “Senti o chute que você me deu e estava com um pouco de medo dessa luta, mas nada que me fizesse chorar como das outras vezes. Eu gostei de lutar com você. Estou muito feliz, porque você voltou. Vai ser legal ter você de novo treinando comigo. Obrigada!” Foram rápidas e sinceras as palavras dela para mim e sinto-me grata a DEUS pela oportunidade de ter voltado e honrada a ELE por ter me abençoado com pessoas que me respeitam tanto...!


OSS...!